sábado, 7 de março de 2009

Medicina avança nas pesquisas sobre transplantes de coração


As inovações tecnológicas estão salvando vidas. Médicos brasileiros estão pesquisando até corações mecânicos e se especializando em cirurgias complexas, que devolvem a vida a quem tinha poucas chances.

O aposentado Laerte Rodella teve um infarto aos 35 anos de idade. “Quatro anos depois, eu precisei fazer ponte de safena. Não deu certo e vim a necessitar de um transplante”, comentou. Os médicos só contaram depois da operação que ele viveria um bom tempo com os dois corações. Isso foi há 16 anos. “Minha recuperação foi excelente. Consigo fazer vários exercícios. Vou à academia e também caminho. Levo uma vida normal”, contou o aposentado. No Instituto do Coração de São Paulo (Incor), os médicos acompanham o estado de saúde de outro paciente, que passou pela mesma cirurgia na quarta-feira passada (4). “A próxima semana será uma semana crítica”, alertou um médico.

O paciente estava internado há cerca de dois meses à espera de uma chance. “É um risco muito alto, e o fator determinante nesses doentes é a hipertensão pulmonar. É um doente que está numa fase de adaptação, que foi operado numa situação muito crítica e muito grave. Ele ainda continua numa situação grave, crítica e passando por uma fase de adaptação, que é muito mais de adaptação mecânica de um órgão com outro”, explica Alfredo Fiorelli, diretor do programa de transplantes do Instituto do Coração (Incor).

Coração artificial

Nos últimos anos, a medicina tem aplicado recursos de outras áreas de conhecimento para desenvolver técnicas que podem aumentar a sobrevida de pacientes cardíacos. Em São Paulo, por exemplo, pesquisadores do Instituto Dante Pazzanese usam engenharia mecânica, informática e eletrônica para aprimorar um equipamento que funcionará como um coração artificial. “Nós não projetamos um aparelho que substitua o coração do paciente, e sim que ajude o coração do paciente a bombear o sangue circulando o sangue por seu organismo”, afirma Aron José Pazin de Andrade, doutor em engenharia mecânica.
Por enquanto, o aparelho está sendo testado em bezerros. Em seres humanos, depois de aprovado, o sistema será implantado logo abaixo do diafragma. Cânulas ligarão um coração ao outro. O sangue será captado dos ventrículos direito e esquerdo e bombeado de volta para o coração natural para as artérias pulmonar e aorta. “Todos esses dispositivos implantados no paciente são auxiliares. Eles acabam deixando o paciente numa forma segura, no tempo que for necessário para fazer o transplante”, acrescenta Andrade.

Na versão que está sendo estudada, o aparelho usa baterias externas. Elas ficariam ligadas ao paciente, que teria que usar um colete para carregá-las. “A ideia é projetar e desenvolver um sistema de controle e baterias também implantáveis. Aí o sistema passa a ser totalmente implantável”, diz o responsável pela pesquisa.

Para o especialista José Henrique Vila, que acompanha o quadro clínico de muitos transplantados, o coração artificial está evoluindo muito, assim como outras tecnologias, mas o transplante ainda será a opção por muitos anos. “Eu imagino que, no futuro, medidas de engenharia genética de células-tronco acabarão por serem talvez a solução a longo prazo. Nesse meio tempo, possivelmente o coração artificial talvez fique barato e possa ser uma alternativa também”, diz Vila, coordenador de transplante cardíaco do Hospital Beneficência Portuguesa.

Ele aposta na prevenção. “Cada vez mais precisamos cuidar melhor da saúde para que não precisemos dos procedimentos de alto custo”, afirma. As chances de sobrevida de quem recebe um transplante simples de coração chegam hoje a 90%. No caso de uma cirurgia em que um segundo coração é implantado, as chances são menores. Ficam entre 40% e 50%, porque a operação é bem mais complexa. O período crítico de recuperação do paciente do Incor vai até domingo (8). Superada essa fase, as chances de uma boa recuperação aumentam muito.

Fonte: www.g1.com.br

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