sexta-feira, 13 de março de 2009

Hepatite B


Conceito e informações básicas.

É definida como inflamação do fígado causada por uma infecção pelo Vírus da Hepatite B (HBV), um vírus DNA, da família Hepdnaviridae. Do ponto de vista epidemiológico a transmissão sexual de agentes infecciosos causadores de hepatite ocorre mais freqüentemente com os vírus das hepatites tipos A, B, C e Delta. Os tipos B e C podem evoluir para doença hepática crônica, e têm sido associados com carcinoma hepatocelular primário.Dentre os fatores que influenciam o risco de infecção pelo HBV citamos: número de parceiros, freqüência das relações sexuais, tipo de prática sexual (oro-anal, oro-genital, relacionamento sexual passivo ou ativo), associação com uso comum de seringas e agulhas, concomitância de outras DST (sífilis, cancro mole, gonorréia, herpes genital e/ou oral, etc.).
No Brasil, estudos de prevalência do HBV detectaram índice de infecção médio de 8,0% na região da Amazônia legal, de 2,5% nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, de 2,0% na região Sudeste e de 1,0% na região Sul.

Quadro clínico

O período de incubação da Hepatite B aguda situa-se entre 45 e 180 dias e a transmissão é usualmente por via parenteral embora outras vias (oral, sexual e vertical) foram demonstradas.

Nos pacientes sintomáticos, a hepatite B, usualmente evolui nas seguintes fases:

* fase prodrômica: sintomas inespecíficos de anorexia, náuseas e vômitos, alterações do olfato e paladar, cansaço, mal-estar, artralgia, mialgias, cefaléia e febre baixa.
* fase ictérica: inicia-se após 5 a 10 dias da fase prodrômica, caracterizando-se pela redução na intensidade destes sintomas e a ocorrência de icterícia. Colúria precede esta fase por 2 ou 3 dias.
* fase de convalescença: a sintomatologia desaparece gradativamente, geralmente em 2 a 12 semanas.

A Hepatite B pode evoluir cronicamente, o que se demonstra pelos marcadores laboratoriais, testes de função hepática e histologia anormais, e doença persistente por mais de seis meses. A Hepatite B crônica pode evoluir de forma:

* persistente: de bom prognóstico, em que a arquitetura do lóbulo hepático é preservada.
* ativa: caracterizada por necrose hepática, que pode evoluir para cirrose hepática ou para câncer.

Diagnóstico

Diagnóstico laboratorial

Realiza-se por meio dos marcadores sorológicos do vírus da Hepatite B:

* o antígeno de superfície da Hepatite B (HBsAg) é o primeiro marcador a aparecer, geralmente precede a hepatite clinicamente evidente, e também está presente no portador crônico;
* o antígeno HBe (HBeAg) é detectado logo após o aparecimento do HBsAg, sua presença indica replicação viral ativa. Sua positividade por 8 a 12 semanas indica o desenvolvimento de hepatite crônica B;
* o anticorpo contra o antígeno central da Hepatite B tipo IgM (anti-HBc IgM) é um marcador da replicação virótica, aparece no início da hepatite clínica e pode ser o único marcador sorológico do tipo agudo presente em alguns pacientes (o paciente com Hepatite crônica B pode apresentar o anti-HBc IgM em baixa concentração no soro, não sendo detectado nestas circunstâncias, de modo que o resultado pode ser positivo na Hepatite aguda B, e negativo, na Hepatite crônica B);
* o anticorpo superficial da Hepatite B (anti-HBs) pode aparecer tardiamente na fase convalescente(é a fase d erecuperação do indivíduo), e sua presença indica imunidade.

Outros testes refletem a lesão hepatocelular na hepatite viral aguda:

* as aminotransferases (alanina aminotransferase /ALT e a aspartato aminotransferase /AST), previamente denominadas transaminases (respectivamente, TGP e TGO) geralmente encontram-se acima de 500 U.I./L
* a bilirrubina total se eleva, podendo alcançar níveis entre 5 e 20 mg %.
* a fosfatase alcalina geralmente está aumentada.
* o leucograma geralmente revela neutropenia com linfocitose relativa.

Na hepatite crônica, a biópsia hepática definirá o diagnóstico histológico e permitirá avaliação da atividade da doença.

Diagnóstico diferencial

* Outros agentes virais (vírus tipo A, C, D, E, Epstein Barr, Citomegalovirus).
* Toxoplasmose, leptospirose.
* Hepatite auto-imune.
* Hepatite por drogas (agrotóxicos, álcool).
* Colecistite ou coledocolitíase.

Tratamento

De modo genérico, o indivíduo com hepatite viral aguda, independentemente do tipo viral que o acometeu, deve ser acompanhado ambulatorialmente, na rede de assistência médica. Basicamente o tratamento consiste em manter repouso domiciliar relativo, até que a sensação de bem-estar retorne e os níveis das aminotransferases (transaminases) voltem aos valores normais. Em média, este período dura quatro semanas. Não há nenhuma restrição de alimentos no período de doença. É desaconselhável a ingestão de bebidas alcoólicas.

Os pacientes com hepatite causada pelo HBV poderão evoluir para estado crônico e deverão ser acompanhados com pesquisa de marcadores sorológicos (HBsAg e Anti-HBs) por um período mínimo de 6 a 12 meses. Aqueles casos definidos como portadores crônicos, pela complexidade do tratamento, deverão ser encaminhados para serviços de atendimento médico especializados.

Recomendações

Internacionalmente, com o surgimento de uma vacina contra o HBV, criou-se expectativa concreta para controlar esta doença.

No Brasil, a utilização de uma vacina contra o HBV para a população sexualmente ativa, não pode ser contemplada como prática rotineira devido ao seu alto custo, no entanto os portadores de DST e seus parceiros formam grupo altamente suscetível e que deve ser considerado prioritário nas ações de vacinação. O esquema básico de vacinação contra o vírus da Hepatite B envolve a administração (por via intramuscular na região deltóide, ou no vasto lateral da coxa, em crianças pequenas) de três ou quatro doses, conforme orientação do fabricante. Habitualmente aplica-se 1,0 ml (20 mg) para adultos e 0,5 ml (10 mg) para neonatos, lactentes e crianças menores de 11 anos de idade. No esquema de três doses: a segunda e a terceira são dadas, respectivamente, um e seis meses após a primeira (esquema 0, 1 e 6 meses); no esquema de quatro doses: intervalos de um mês entre a primeira, a segunda, e a terceira e de doze meses entre a primeira e a quarta (esquema 0, 1, 2 e 12 meses). Este último esquema permite imunização inicialmente mais rápida.No que se refere à prevenção da contaminação de profissionais de saúde lidando com pacientes infectados pelo HBV, recomenda-se o uso das precauções universais em relação ao sangue e aos líquidos corporais de qualquer paciente.
Caso um profissional de saúde não imunizado contra o vírus da Hepatite B seja exposto a material infectado pelo HBV, deve: receber uma dose da Gamaglobulina Hiperimune para Hepatite viral tipo B, se possível, nos primeiros sete dias de exposição e, em seguida, ser vacinado contra a Hepatite B. Esta orientação deve ser seguida para qualquer pessoa exposta ao HBV.

Fonte: http://www.aids.gov.br/assistencia/manual_dst/hepatite.htm
Fonte:http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?229

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